Alvos e projeções de fé

Escrito em 15/02/2024
Edimilson B.da Conceição

Ef 3:20; Pv 16:1; Fl 3:13; Ap 10:9-10; II Co 11:24-27; At 19:11-12;  II Ts 3:6 e 12; Is 60:6

Introdução

Creio que a maioria de nós no trabalho cristão poderia usar uma visão mais ampla.  Algumas das pessoas da “Campus Crusade for Christ.” testemunharam certa vez: “um dos nossos problemas é que Bill Bright (o fundador), está sempre aparecendo com visões amplas, do Senhor. Aí, nós temos que colocá-las em funcionamento.” Deus permita que tenhamos visões mais amplas e as expressemos de modo prático e concreto. Fazemos isso, estabelecendo alvos e objetivos claros pelos quais trabalhamos, nos dedicamos e mobilizamos outros, para ajudar na realização.

Quais são os alvos de sua equipe, para os próximos cinco anos? Qual é a previsão de sua fé? O que é que você espera do seu trabalho, nos próximos seis meses? É isso que os alvos são - previsões de fé. Não limite o seu planejamento para aquilo que os homens podem fazer mas, sim, para o que Deus quer que seja feito. “Se crêdes, tudo é possível” (Marcos 9:23). O Propósito dos alvos é definir a ação que resultará em realizações específicas. Uma visão se torna efetiva somente quando é transformada em ação. Para transformar uma visão em ação efetiva, são necessários alvos divinamente direcionados.

O Que é Um Alvo?

  • Para entender o que é um “alvo,” devemos, primeiramente, deixar o domínio das palavras religiosas e entrar no domínio da linguagem comercial. 
  1. “Qual é o seu alvo?”
  2. “Oh, meu alvo é glorificar a Deus.”
  3. “Isto é maravilhoso! Como é que você saberá que glorificou a Deus? Qual é a ação, ou quais os resultados, que comprovarão que você O glorificou?”
  4. “Bem, Ele colocará uma paz especial no meu coração.”

Soa familiar?

  • É claro que glorificar a Deus é algo maravilhoso. Mas quando falo de alvos, eu não estou falando daqueles valores ambíguos, subjetivos, indefiníveis, imensuráveis, que nos deixam numa terra de ninguém, de conceitos nebulosos e imprecisos. Estou falando sobre uma ação prática que se pode medir.
  • Talvez o seu alvo seja estabelecer três células, nos próximos três anos, em comunidades de nossa cidade. Isto é um alvo. Não é abstrato. É claro. Você sabe quando o realiza. Em termos claros, alvos são:
  1. Tangíveis (não abstratos.)
  2. Comunicáveis (não idéias imprecisas ou confusas.)
  3. Realizáveis (não pensamentos do mundo dos sonhos.)
  4. Mensuráveis (quantitativo, não ideais que não podem ser medidos.)
  5. Definitivo (de ação que você tomará.)

Um alvo útil para você, seria decorar, agora mesmo, estas cinco características. E a definição dos alvos com estas cinco características, é necessária para o cumprimento da visão. Você tem que se agarrar a isto.

Não podemos dizer quais são as ações de alvos a serem definidas para se cumprir a visão que Deus lhe deu. Uma vez dada a visão, você tem que ir ao Senhor e perguntar: “Senhor, quais os passos práticos que devo dar para que esta visão se cumpra?” Deus sempre excederá aquilo que nos dispomos a fazer sob a Sua direção. Porque Ele realiza “Infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Efésio 3:20).

Deus honra a “previsão de fé”, porque temos visto isto em funcionamento. Vemos o que acontece, quando homens se sentam juntos, em fé, em oração, em jejum e tomam posse do futuro, sem temor, certos de que Deus está lhes preparando o caminho.

Poderemos ter algum controle sobre esse futuro, quando prevemos em fé, o que Deus quer que sejamos ou façamos. À medida em que você exercita essa previsão de fé, os resultados vão surgindo maiores do que aquilo que você planejou, se o seu plano estiver de acordo com a vontade de Deus.

Após Definir os Alvos: determine as prioridades

Chegamos ao ponto onde devemos parar, para estabelecer prioridades. Antes de estabelecer sua prioridade pergunte a si mesmo: “Se tivesse que abandonar todos os meus trabalhos na igreja, exceto uma coisa - o que é que manteria?” Esta resposta vai determinar a sua prioridade máxima.

 

Mantenha este processo, até que todos os seus alvos estejam  arrumados em camadas de prioridades, manutenção e adiamento de alvos.

Paulo disse “Uma coisa faço” (Filipenses 3:13). É possível que digamos, “Estas três coisas...” ou “Fazemos estas seis...” Se houver mais do que isso, não seremos capazes de realizá-las com perfeição. Tentar realizar muitas prioridades simultaneamente, resultará, simplesmente, na proliferação da mediocridade, realizando pouco ou nada.

Estabelecer e manter prioridades, é uma disciplina muito importante. Temos que nos concentrar na única coisa que faríamos, se tivéssemos que abandonar o resto. O que seguraríamos? Qual é o impulso central da visão que Deus nos deu? Determine qual é a primeira prioridade, e faça dela a número um em sua lista.

A seguir, determine números dois, três, e assim por diante. Se o seu tempo, seu pessoal e o seu dinheiro estiverem concentrados na obtenção de um número limitado de alvos, dentro de poucos anos você olhará para trás e verá realizações muito significativas em sua equipe.

Aqueles que hoje conseguem se comprometer a fazer previsão de fé poderão, dentro de alguns anos, olhar para trás e ver os resultados maiores do que podiam imaginar.

E este é o desafio: erga-se como um novo líder envolvido na obra do Senhor. Talvez você tenha andado desanimado, ou não soubesse como começar. Tome estes princípios bíblicos para realização e dê um passo à frente, um passo de fé. Espere grandes coisas e, conforme a sua fé, será feito.

Implementação: O doce se torna amargo

Há algumas coisas que precisamos entender sobre os alvos de ação divinamente dirigidos. Um trecho do livro de Apocalipse ilustra isso. “Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele então me fala: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago mas, na tua boca, doce como o mel.”

“ Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e na minha boca era doce como o mel, quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo” (Apocalipse 10:9, 10).

É assim com a visão. Quando Deus fala sobre o que Ele quer que você faça, você acha maravilhoso, doce e apaixonante! Mas quando começa a dar luz à visão, quando começa o trabalho duro de implementação daquilo que Deus disse, poderá se tornar amargo no seu estômago.

Trabalho árduo é essencial

O problema com visão e alvos, é que eventualmente degeneram para TRABALHO. Isto é, quando se junta a fome com a vontade de comer, como diz o ditado.

Existem líderes que nunca aprenderam a trabalhar, vivem como semi-aposentados. Alguns, totalmente aposentados. Eles perguntam por que nada acontece em seus ministérios. Não estão dispostos a trabalhar; são preguiçosos; não conseguem levantar cedo de manhã, porque passaram a metade da noite assistindo televisão. Você não consegue fazê-los aplicarem-se para responsabilidade e planejamento, visão e crescimento.

Equipes que se encontram em más condições são, frequentemente, inertes porque a maioria do povo não quer trabalhar, não quer servir. É como uma doença, uma epidemia. Podemos chamá-la de “síndrome de procrastinação.” E olha, a igreja eventualmente é o retrato da sua liderança.

Você sabe como funciona: “O sol está brilhando. Porque consertar o furo no telhado, hoje, se não está chovendo?” Então, quando estiver chovendo, a mesma pessoa dirá “Não posso consertar o telhado, agora, porque está chovendo. Tenho que esperar parar a chuva.” Essa síndrome cobre a igreja como uma praga. Nada de iniciativa, nada de responsabilidade, nada de disposição para o trabalho.

Tempo: nosso ou do Senhor?

Quando a visão é traduzida em alvos, alguém tem que trabalhar. Quem você pensa que seja este “alguém”? Este “alguém” é você! Você tem que liderar o bando - e não será emprego das 8:00h às 17:00h. Os homens de visão não trabalham com horários fixos. Eles não estão procurando por quatro semanas de férias por ano e aposentadoria garantida. Estão em busca de oportunidades para servir ao Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Homens de visão empregam tudo o que têm num esforço total. Você não faz o trabalho com salários  e semana de quarenta horas. A Bíblia diz “Seis dias trabalharás.” Eram jornadas de onze horas de trabalho nos tempos bíblicos, do alvorecer até o sol se pôr. Isso daria umas sessenta e seis horas. Essa seria provavelmente uma semana de trabalho, conforme a Bíblia.

Embora vivamos numa época de lazer, toda visão, todo alvo, para ser atingido, se resume em esforço de trabalho. Quem fará a obra do Senhor? É aí que temos a diferença entre os obreiros fixos e contratados, para uma jornada de trabalho.

É claro que podemos falar o dia todo sobre visão - falar é fácil - mas quando se chega ao trabalho necessário para implementá-la, é aí que Deus separa os homens dos meninos.

É assim que nascem as visões. Se você não estiver disposto a trabalhar, esqueça! Una-se ao sindicato local e arrange um emprego rotineiro das oito às cinco. Entre em semi-aposentadoria, e viva a sua vida de descanso.

Se, por outro lado, você quer trabalhar, quer servir, Deus tem uma imensa oportunidade de serviço para você. Ele transformará suas longas horas em conseqüências fenomenais, resultados jamais imaginados. Ele multiplicará os frutos da sua semana de sessenta ou setenta horas de trabalho, em grandes realizações para o evangelho. Deus recompensa a dedicação e o compromisso.

Exemplo de consagração de Paulo

Quando lemos sobre o ministério de Paulo, vemos a dedicação que tinha à sua obra. Ele pregava o evangelho com o risco de sua própria vida. Falando sobre suas dificuldades, Paulo disse: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas, uma vez apedrejado, em naufrágio três vezes, uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas muitas vezes, em perigos de rios... em trabalhos e fadigas...” (II Coríntios 11:24-27). Por que ele estava cansado? Por que ele estava em dores?

Quando olhamos para o trabalho de Paulo, de dia ele fazia tendas por profissão, ganhando sustento para si e mais sete homens. Era professor, pregador e apóstolo à noite. Realizava ambos os ministérios simultaneamente. Em relação aos demais líderes, ele disse que labutava mais do que todos eles.

A graça de Deus, disse Paulo, não era frustrada ou desperdiçada nele, porque ele trabalhava mais e trazia mais consagração ao seu trabalho do que todos os outros apóstolos. Os relatos históricos comprovam isto.

Com respeito a este assunto, em Éfeso aconteceu algo interessante: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se retiravam” (Atos 19:11-12).

Esses “lenços” eram “trapos de suor” enrolados em volta da cabeça e da cintura de Paulo para limpar o suor que escorria do seu corpo, de seu trabalho árduo. Havia mais poder no suor de Paulo do que nos sermões da maioria dos pregadores! A unção acompanhava aqueles trapos, para as muitas pessoas que Paulo não podia visitar pessoalmente - porque tinha que trabalhar longas horas.

Quando Paulo escreveu aos Tessalonicenses, preocupado com a mentalidade deles, de “não trabalhar,” usou linguagem dura para repreender à preguiça deles: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (verso 10). Falou-lhes da necessidade de se ocuparem em trabalho frutífero, de evitarem a ociosidade e de ter um compromisso diário com a disciplina do trabalho árduo (II Tess. 3:6,12).

Através das epístolas todas, ele faz referência ao seu compromisso de labutar, de suor, de lágrimas, de esforço duro para propagar a causa de Cristo. Ele não procurou carga horária leve e nem permitiu que a compensação financeira determinasse como e onde trabalharia para o Senhor. Ele entregou a sua vida plenamente, integralmente, sem reservas. Ele desejava ver cumprida em sua vida a vontade e o propósito de Deus.

Conclusão

As pessoas apoiarão alvos de valor

Você descobrirá que pessoas trabalharão com você dando, sacrificadamente, para ajudá-lo com recursos e esforços, a alcançar os seus alvos - se você sabe onde quer chegar. Se você não souber, o dinheiro, o povo e o sucesso seguirão os líderes que sabem onde vão.

Se você vier com a visão e os alvos de Deus, e começar a expressá-los comunicando aos outros a direção em que você vai, eles o seguirão, dando apoio e trabalhando juntos para alcançar os seus alvos. Isto é, se você mostrar o caminho, pagar o preço e trabalhar as horas necessárias.

Tão logo você saiba onde Deus quer que você vá, e como você deverá chegar lá, encontrará pessoas ao seu redor dispostas a trabalhar com você. Uma vez esclarecida a visão, uma vez definidos os alvos, uma vez os alvos traduzidos em comunicação clara daquilo que Deus quer que você faça, você verá que os resultados começarão a ultrapassar a sua capacidade para governar.